Como saber se meu filho tem TDAH?

TDAH sempre foi um tema que eu via de longe, até que um dia ele se aproximou da minha realidade de uma forma que eu jamais imaginei.

Antes de viver tudo isso, eu nem sabia exatamente o que observar, nem como identificar sinais que realmente mereciam atenção. Foi assim que começou minha busca por respostas — e foi inevitável mergulhar profundamente no universo do TDAH, que surgiu de forma inesperada na minha rotina de mãe.

TDAH
TDAH

Logo nos primeiros meses tentando entender o comportamento do meu filho, eu repetia mentalmente a pergunta: será que é TDAH mesmo ou apenas uma fase? Essa incerteza me acompanhou por muito tempo, até que comecei a reunir informações, observar o dia a dia com mais atenção e compreender que existiam padrões que não eram apenas “coisas de criança”. A partir daí, essa jornada ganhou outro significado, e foi quando decidi buscar conhecimento de forma clara, objetiva e sincera, exatamente como compartilho aqui.


1. Entendendo os primeiros sinais: quando a dúvida começa a surgir

No início, tudo parecia apenas parte do desenvolvimento infantil. Uma energia sem fim, dificuldade de foco em tarefas simples, uma agitação que ultrapassava o comum. Mas, ao mesmo tempo, havia um padrão: nada disso parecia “passageiro”. E foi aí que comecei a perceber que estava na hora de olhar com mais cuidado.

A dificuldade de atenção cotidiana

A desatenção não vinha apenas em tarefas escolares, mas em pequenas ações do dia. Pedir algo simples, como guardar um brinquedo, virava uma maratona de repetição. Ele escutava, mas não ouvia. Olhava, mas não fixava. Comecei a notar que ele se perdia nos próprios pensamentos com uma facilidade impressionante.

A hiperatividade que não dá trégua

Não era apenas energia. Era inquietação. Mesmo em atividades que ele amava, como montar blocos ou desenhar, não conseguia manter-se sentado por mais de alguns minutos. A sensação era de que existia um motorzinho funcionando sem pausa dentro dele.

A impulsividade que gera conflitos

Responder sem pensar, cortar conversas, agir antes de avaliar o perigo… Foram muitos sustos, muitas conversas e muitos momentos de preocupação. A impulsividade se tornava evidente nas interações sociais e nas decisões do dia a dia.

Com o tempo, percebi que esses sinais estavam muito além de “personalidade forte” ou “energia de criança”. Eram sinais consistentes, repetitivos, que ultrapassavam limites esperados para idade.


2. A busca por diagnóstico: como foi enfrentar o processo na prática

Entrar na fase do diagnóstico foi, sem dúvida, um dos momentos mais emocionais e intensos dessa jornada. Não vou romantizar: a sensação é de estar tentando montar um quebra-cabeça complexo com peças que você ainda nem sabe se pertencem àquela figura.

Primeiro passo: observar sem julgar

Precisei aprender a olhar sem culpar, sem comparar com outras crianças e sem microanalisar cada comportamento. Tentei registrar padrões, anotar situações repetidas e entender o que realmente chamava atenção.

Segundo passo: procurar profissionais especializados

Marcamos consulta com neurologista, psicólogo infantil e, depois, uma psicopedagoga. Cada profissional acrescentou um pedaço importante do quebra-cabeça.

Foi difícil ouvir frases como:

— “Pode ser TDAH, mas precisamos investigar mais.”
— “Vamos observar o comportamento em diferentes ambientes.”

Ao mesmo tempo, foi libertador saber que estávamos caminhando na direção certa.

Terceiro passo: avaliações e escalas comportamentais

Foram aplicadas:

  • Escalas de atenção

  • Testes de comportamento

  • Avaliação escolar

  • Observação direta

Cada etapa me mostrava que eu não estava exagerando. Os sinais estavam ali.

Quarto passo: acolhimento emocional

Essa fase foi essencial. Aprendi que um diagnóstico não define uma criança — apenas abre portas para entendê-la melhor.

Foi aí que eu comecei a compreender mais profundamente o universo do TDAH, suas nuances, desafios e potencialidades.


3. Depois do diagnóstico: como foi adaptar a rotina, apoiar e ver resultados reais

Quando finalmente recebemos o diagnóstico confirmado, veio o misto de alívio e medo. Alívio por saber o que acontece. Medo pelo desconhecido. Porém, logo percebi que não era um fim — era o começo de um caminho mais claro.

Mudanças na rotina

Aprendemos a criar:

  • Rotinas mais visuais

  • Tarefas fragmentadas

  • Regras claras e objetivas

  • Combinações antes de cada atividade

  • Pausas programadas

E a diferença? Imensa.

Apoio escolar estruturado

Conversar com a escola foi essencial. A adaptação pedagógica fez o rendimento melhorar e a autoestima dele florescer de novo.

Terapia e acompanhamento contínuo

Terapia cognitivo-comportamental, atividades motoras e acompanhamento regular com neurologista fizeram parte do processo — todos agregando melhora perceptível.

O brilho nos olhos voltou

Ver meu filho conseguindo completar tarefas antes impossíveis foi uma das maiores emoções da minha vida. Percebi que o diagnóstico não é um rótulo — é uma chave.


Guia prático: Como identificar sinais e agir corretamente

  • Observe padrões por pelo menos 3 meses

  • Compare comportamentos em diferentes ambientes

  • Registre situações repetitivas

  • Procure especialistas: neurologista, psiquiatra infantil ou psicólogo

  • Evite autodiagnóstico e rótulos precipitados

  • Converse com a escola

  • Avalie histórico familiar

  • Mantenha escuta ativa e empatia


História de sucesso inspiradora

Uma mãe que conheci durante o processo passou pela mesma angústia. O filho dela tinha sido chamado várias vezes na escola por comportamento “difícil”. Ela, exausta, achava que era culpa sua. Até que decidiu investigar.

Depois do diagnóstico de TDAH, o menino começou terapias, ganhou suporte pedagógico e aprendeu a lidar com as próprias emoções. Um ano depois, ele foi escolhido como representante da turma. Ela me disse chorando:

“Eu achava que tinha perdido meu filho. Hoje sei que só faltava o caminho certo.”

Essa história me acompanhou e sempre me lembrou: informação transforma realidades.


Conclusão

Entender o TDAH não é só uma jornada técnica — é emocional, pessoal e profundamente transformadora. Não há culpa, não há falha. Há conhecimento, acolhimento e caminhos possíveis. Quando você observa, busca ajuda e escolhe agir, tudo muda. Assim como mudou aqui em casa — e pode mudar aí também.