TDAH e planejamento financeiro: Dicas para lidar com impulsividade

Viver com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) apresenta desafios únicos, especialmente quando se trata de gerenciar finanças. A impulsividade, uma característica comum do TDAH, pode complicar o planejamento financeiro e levar a decisões de compra pouco sábias.

No entanto, com estratégias adaptadas e um pouco de autoconhecimento, é possível criar um sistema que funcione. Aqui, compartilho minha experiência pessoal e algumas dicas que me ajudaram a lidar com a impulsividade nas finanças.

Entendendo o Impacto do TDAH nas Finanças

Quando descobri que tinha TDAH na vida adulta, muitas das minhas dificuldades passadas começaram a fazer sentido, especialmente em relação ao dinheiro. Sempre lutei para manter um orçamento, frequentemente fazendo compras por impulso que pareciam justificáveis no momento, mas que logo se revelavam desnecessárias.

A realização desses padrões me motivou a buscar estratégias específicas para lidar com essas tendências impulsivas.

TDAH

A primeira grande mudança foi começar a usar ferramentas de orçamento. Aplicativos como o YNAB (You Need a Budget) e o Mint me ajudaram a visualizar para onde meu dinheiro estava indo e estabelecer metas financeiras claras.

Essas ferramentas também me alertavam quando eu estava prestes a exceder meu orçamento em categorias específicas, o que era frequentemente um ponto de virada para evitar uma compra impulsiva.

Além disso, comecei a praticar o que chamo de “pausa deliberada”. Sempre que sentia o impulso de comprar algo, eu me obrigava a esperar pelo menos 24 horas antes de fazer a compra. Na maioria das vezes, o desejo passava, e eu acabava não comprando o item.

Estratégias Práticas para Melhorar o Controle Financeiro

Desenvolver um sistema que mitigasse os efeitos da minha impulsividade no planejamento financeiro exigiu paciência e muita tentativa e erro. Uma das estratégias mais eficazes foi dividir meu dinheiro em diferentes contas para diferentes propósitos. Por exemplo, tenho uma conta separada apenas para despesas de entretenimento.

Isso não só me ajuda a limitar meus gastos nessa categoria, mas também me dá liberdade para desfrutar desse dinheiro sem culpa.

Outra técnica que implementei foi o uso de cartões de débito em vez de crédito para compras diárias. Com o cartão de débito, só posso gastar o dinheiro que realmente tenho, o que elimina a tentação de me endividar. Para compras maiores, planejo com antecedência, economizando um pouco cada mês até ter o suficiente para comprar sem afetar negativamente meu orçamento geral.

Além disso, comecei a investir em pequenas quantidades. Usando aplicativos como Acorns e Stash, que permitem investir trocos e pequenos valores, consegui começar a investir sem me sentir sobrecarregado pela quantidade de dinheiro envolvida. Isso não só ajudou a crescer minha poupança, mas também a manter minha mente focada em objetivos financeiros de longo prazo.

Mantendo o Rumo Apesar dos Desafios

Manter o controle das finanças com TDAH é um processo contínuo que requer ajustes constantes.

Encontrei grande valor em ter um “parceiro de prestação de contas” — um amigo ou membro da família que entende minha situação e me ajuda a permanecer no caminho certo. Este parceiro ocasionalmente revisa meu orçamento comigo e discute grandes decisões financeiras, oferecendo uma perspectiva externa que é incrivelmente valiosa.

Também me beneficiei enormemente de sessões regulares com um terapeuta que tem experiência em trabalhar com adultos com TDAH. Essas sessões me ajudaram a entender melhor as raízes do meu comportamento impulsivo e a desenvolver estratégias mais eficazes para lidar com elas em todas as áreas da minha vida, não apenas nas finanças.

Finalmente, continuo a educar-me sobre finanças pessoais. Ler livros, assistir a vídeos e participar de workshops sobre finanças pessoais me ajudou a manter meu interesse e comprometimento com um planejamento financeiro saudável. Cada pedaço de conhecimento que adquiro me empodera a fazer escolhas melhores e mais informadas.

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Marco era um jovem profissional de marketing que sempre lutou com gastos impulsivos devido ao seu TDAH. A situação chegou ao ponto de ele se encontrar frequentemente endividado, comprometendo sua capacidade de economizar para o futuro. A mudança começou quando Marco decidiu enfrentar o problema de frente após um workshop sobre finanças pessoais.

Motivado pelo que aprendeu, Marco implementou várias das estratégias acima. Ele começou utilizando aplicativos de orçamento, que lhe deram uma visão clara de seus hábitos de gastos. A “pausa deliberada” foi particularmente eficaz, ajudando-o a cortar drasticamente as compras desnecessárias.

Com o tempo, a disciplina de Marco melhorou significativamente. Ele abriu múltiplas contas para diferentes despesas e começou a investir pequenas quantidades regularmente. Mais importante ainda, ele encontrou um mentor financeiro em um grupo de apoio para pessoas com TDAH, que se tornou seu parceiro de prestação de contas.

Um ano depois, Marco havia não só eliminado suas dívidas, mas também começou a construir uma reserva de emergência e contribuir para sua aposentadoria. Sua história é uma prova de que, com as estratégias certas e um compromisso genuíno, pessoas com TDAH podem superar desafios financeiros e alcançar uma saúde financeira sustentável.

Guia Prático para Gerenciar Finanças com TDAH

1. Utilize Ferramentas de Orçamento

Comece implementando ferramentas de orçamento como YNAB ou Mint. Estas plataformas ajudam a visualizar onde o dinheiro está sendo gasto e estabelecer limites claros para cada categoria de despesa.

2. Implemente a “Pausa Deliberada”

Antes de fazer qualquer compra, faça uma pausa obrigatória de 24 horas. Isso ajuda a diferenciar entre desejos momentâneos e necessidades reais, reduzindo compras impulsivas.

3. Separe as Contas

Crie contas bancárias separadas para diferentes necessidades, como despesas diárias, entretenimento e economias. Isso ajuda a manter os gastos sob controle, atribuindo um limite fixo para gastar em prazeres sem sentir culpa.

4. Prefira o Uso de Cartão de Débito

Evite o uso de cartões de crédito para compras do dia a dia para evitar dívidas. Utilize o cartão de débito para que os gastos sejam limitados ao que realmente possui.

5. Comece a Investir Pequeno

Use aplicativos de investimento que permitem contribuições pequenas e regulares. Isso ajuda a construir o hábito de investir sem se sentir sobrecarregado financeiramente.

6. Tenha um Parceiro de Prestação de Contas

Envolve um amigo de confiança ou um membro da família em seu planejamento financeiro. Eles podem oferecer suporte e perspectiva externa, ajudando a manter o foco.

7. Educação Financeira Contínua

Investir tempo em aprender mais sobre finanças pessoais através de livros, vídeos e seminários. A educação contínua ajuda a manter o interesse e o compromisso com um planejamento financeiro saudável.

Conclusão

Gerenciar finanças quando se tem TDAH exige compreensão, paciência e estratégias adaptadas. Ferramentas de orçamento, a implementação de pausas antes de gastar e o suporte de um parceiro confiável são apenas algumas maneiras de criar um ambiente financeiro saudável.

A história de Marco nos mostra que a mudança é possível e que, com os ajustes certos, qualquer pessoa pode alcançar a estabilidade financeira. Espero que tanto a minha experiência quanto a de Marco inspirem outros a tomar as rédeas de suas finanças e viver uma vida mais equilibrada e produtiva.